um arranjo de notas
sons
melodia
profundamente cruel
porque o corpo tem ânsia
Os sonhos sempre denunciam
naquela expectativa
dos instintos
que alcançam o subconsciente
Cadela que se prosta
aos olhos do Dono
nua
ao ouvir os sons
do coração a palpitar
da alma já denunciando
faça-me sua, meu Amo!
Ao levantar os olhos
olhos de êxtase,
encontro de olhares que queimam
à espera
do tapa na cara
Um carinho
da palmada na bunda
um afago
da venda a tomar os olhos
um fetiche
do metal frio das algemas
um deleite
do imobilizador
indo do pescoço
e a corrente fria tomando o corpo
prendendo os tornozelos
de quatro
a mercê
Doce êxtase
fazendo o corpo contrair
Boca sôfrega,
salivar e imaginar...
Rosa brava
a molhar
E com a língua
eu te esfolhava
pétala a pétala!
Os seios já denunciam
seios rígidos,
bicos duros
clamando pelo prendedor
Tendo como prólogo
as mordidas a varrer o corpo
gemidos de dor e prazer
Aquela eletricidade
a cobrir os pelos
Excitação a pingar
enquanto sugava seus seios
e esgotava
como a um cálice!
Ali a morte encontrei
da mesmice
da falta de intensidade
E num desabrochar
Renascimento
Revigorados
Porque viver é morrer
Corpo te anseia,
Flor de volúpia
ao receber a vara rígida
não te apagues, sonho!
Quero morrer, mata-me...
como eu sonhei!